Uma foto de candidatos à defesa de um plano de saúde destinado ao amparo da minha velhice terá mais representatividade se espelhar o que sou. Uma foto de um grupo de velhos de pijamas rotos e robes mal passados. Bengalas em punhos de mãos trêmulas, mas firmes. Meios sorrisos em bocas murchas que o batom procure disfarçar. Postura alquebrada sob o peso dos anos de sofrimentos passados. Abraçados e de mãos dadas como a demonstrar o apoio conjunto que têm para oferecer. Rostos enrugados pelos rictos de preocupação constante no cuidado dispensado à criação de filhos e netos, demonstrando saber como orientar e fazer. Vestimenta simples e com calçados baratos num indicativo de despojamento. Corpos magros mostrando a rigidez dos velhos músculos já muito solicitados no transporte do pesado fardo da vida.
Este sim, é o retrato ideal de um grupo que se proponha a defender o meu final de vida. Onde as doenças serão mais comuns e onde o sofrimento é mais constante. Nesse grupo eu confiaria. A um grupo assim entregaria o meu voto sem esperar pedido. Se um grupo assim se dispuser a me proteger beijo-lhes as mãos e nelas entrego a cura das minhas mazelas.
Mas essa foto não existe.
Existe sim a foto de um grupo que mais parece propaganda do elixir da longa vida. Conjunto de figuras representativas do sucesso de uma existência sem apertos financeiros. De pessoas isentas de doenças porque os ricos consultórios lhes estão disponíveis. Elementos portadores de semblantes altivos onde se grudam sorrisos largos. Sorrisos que mostram alvíssimos dentes bem cuidados por caros dentistas. Risos de deboche por posarem para decrépitos aposentados e pensionistas que eles nunca chegarão a ser. Rostos lisos onde as rugas da sabedoria ainda não tiveram tempo de instalar-se. Figuras rotundas como a querer insinuar que desfrutam da bonança e vivem no ócio. Foto em que mal cabem gordas figuras que em nada se parecem com quem possa pensar em mim.
Esta é a foto que me mandam com ordens de votar em quem ali está.
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Pura perda de tempo.
Quem não conheceu o sofrimento não pode reconhecer a dor alheia.
E esta foto tem nome.
Unidos pela CASSI – Chapa 1.
Neles NÃO VOTO, nem amarrado!
Marcos Cordeiro de Andrade – Curitiba (PR) – 28/03/2010.