sexta-feira, 10 de julho de 2020

Eleição PREVI 2020 - Eleitor incrédulo


Eleitor incrédulo, em 08 de maio de 2012

Marcos Cordeiro de Andrade

Aviso importante: Poderia ter escrito esse texto hoje, com ligeiras modificações. Mas o fiz em maio de 2012 como aí está. A reedição serve de preâmbulo à escolha da atual CHAPA 2 – Mais União (13/07 a 27/07/2020).

Caros colegas,

1962. Há exatos 50 anos entrei na vida da PREVI. No dia 15 de maio daquele ano, ao tomar posse no Banco do Brasil como concursado tive um dia cheio de tarefas protocolares a cumprir. Entre a apresentação ao contador, subgerente à época, e o final do expediente, fui submetido ao juramento à CIC, saudável e saudoso trote, e assinatura de vários papéis, dois dos quais considero os mais importantes contratos da minha vida: as propostas de adesão à CASSI e à PREVI. E mais um terceiro, que até agora somente me serviu para mostrar o caminho do endividamento – a CAPEC, fonte do Empréstimo Simples.

Desde então encarei eleições sucessivas para escolha de Dirigentes da PREVI por toda essa metade de século. No início, e até certo ponto, acompanhando o voto dos veteranos sem muita convicção do que fazia, por inexperiência e desconhecimento de causa. Depois, mordendo o cabresto, adquiri vontade própria e passei a votar conscientemente e, posso dizer, sem desperdiçar nenhuma escolha.

Mas veio o tempo de mudanças em que votar deixou de ser sinônimo de vontade para se transformar em necessidade. E aí o bicho pegou. Foi a partir de quando a ganância se apossou das duas partes envolvidas nessas eleições. E até hoje tanto votado como votantes engalfinham-se na luta pelo poder. De um lado, o objeto foi dominado pela voraz fome de divisas do Patrocinador. Do outro, a gana com que os eletivos se digladiam na busca do voto – e de empregos - torna a disputa num ato nojento.

Muito se diz que os Eleitos da PREVI não têm poder de mando, nada decidem e, consequentemente, nada fazem. A desculpa é que foi abolida a figura do corpo social, alijado da necessidade de ser consultado para aprovação – ou negação – de mudanças vitais. Somado a isso nos empurram o voto de qualidade como justificativa para a subserviência condenável.

Validado ou não, esse nhém, nhém, nhém constante soa como choro de criança birrenta que não quer fazer o dever de casa. Mesmo impedidos de peitar os seus patrões os eleitos não são forçados a permanecer no cargo. Nem têm mordaças impostas à força. Todavia, com essas desculpas se apegam aos cargos como rêmoras comensais trocando convenientes gentilezas, e como vacas de presépio permanecem a concordar com tudo. Nisso justificando assertivas: eu te limpo o dorso e me dás comida; mantenho-me calado e garanto meu gordo salário extra. E assim nada fazem. E não gritam. Nem sussurram sequer. Nem ao menos movem uma palha, pois se para o amo está bom assim, para eles melhor ainda com a garantia de um fim de velhice tranquila, de burra cheia, à custa dos “seus eleitores”.

No momento estamos no olho do furacão de mais uma eleição, pródiga de chapas concorrentes a nos atormentar o sossego. No saudoso ano de 1962 comecei a jornada com chapas únicas, apresentadas pelo bom senso, depois duplas, para contemplar escolhas. E foram aumentando em número pela necessidade de satisfazer políticas e politicagens. Hoje já são seis (*) na disputa. Também para nada fazer, será?

Provavelmente sim, respondo, pois as pífias plataformas apresentadas seguem sempre a mesma linha. Só se vê promessas. Promessas e mais promessas antecedidas da condicional SE. Se eu for eleito farei isso e aquilo. Se nossa chapa vencer, faremos mudanças. Se continuarmos mandando a coisa vai melhorar. Se entrarmos, limparemos a casa. E tudo será maravilhoso.

Assim sendo, votem todos com a certeza de que lhes darão o bem bom. E que continuarão sendo ludibriados pelos que elegerem. Pois a experiência nos diz que eles seguirão a mesma postura de serviçais que entram magricelas na casa do patrão e saem pançudos, bem nutridos da mesa farta depois de cumprir as tarefas corriqueiras e simples – manter a mansão em ordem e polir a prataria e os cristais com o uso diário das mordomias alimentadas. Mas sem tirar nada do lugar porque o patrão é cioso conservador e não permite mudanças. Mas entrem, cumpram direitinho o seu mandato que, ao sair, terão estendido à porta o tapete vermelho das sinecuras ofertadas pelo bom comportamento – por não terem bulido nos mimos do patrão. Deixando a casa pronta para receber os magricelas da hora que virão ser cevados no chiqueiro de luxo.

Mas desta feita o meu voto não terá. A não ser que alguém mude o discurso. Para fazer jus à minha escolha será preciso algo mais que simples promessas - quero certezas. E não exijo muito. Basta que uma meia dúzia de seis se una e mostre coragem de gritar. De cobrar. De exigir. De ser capaz de me convencer que, de fato, podem e querem fazer. E que farão.

É suficiente que se perfilem em manifesto contundente exigindo, já agora, postura comportamental independente dos que saem. Digam-lhes o que querem que façam ainda nos cargos ocupados porque há tempo.  Disponham o rosário de necessidades prementes a ser amparadas e que são muitas. Mas podem começar com as mais elementares: a resolução do endividamento opressivo dos aposentados e pensionistas; o realinhamento do Plano Um; a reforma do estatuto; a troca do índice de reajuste para um mais condizente com a realidade inflacionária; a reposição das perdas dos benefícios; o enquadramento da CARIM com tratamento humano aos seus mutuários; a uniformidade de tratamento aos assistidos; a elevação do percentual do benefício das pensionistas; atendimento justo aos Pedevistas e outros aviltados; a reparação isonômica da destinação do “renda certa”; o atendimento aos pleitos judiciais, etc. etc. e etc.

Se essa declaração conjunta vier de qualquer das chapas oposicionistas terá o meu voto. E, com absoluta certeza, dos milhares de insatisfeitos com o que hoje existe o que, obviamente, lhe dará a vitória. Mas há uma condição. Que no rodapé do manifesto conste o compromisso de que, se até a metade do mandato as promessas de campanha não forem cumpridas todos renunciarão aos cargos, juntamente com seus suplentes para proporcionar novas eleições que lhes dê substitutos honrados, como não conseguiram ser.

Assim, darei nome à chapa a merecer o meu envelhecido e exigente voto. Caso contrário, esqueçam, pois, como se diz na minha terra, quem quiser ser grande sem trabalhar que nasça em paul.

*(agora apenas duas, novamente).

Curitiba (PR), 08 de maio de 2012
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Marcos Cordeiro de Andrade –
Associado PREVI desde 15/05/62
Matrícula nº 6.808.340-8
cordeiro@marcoscordeiro.com.br 

Um comentário:

Blog do Ed disse...

Votei. Mas, creio que tudo na PREVI continuará seguindo a mesma tendência, seja qual for a chapa vencedora.
Edgardo Amorim Rego