domingo, 23 de janeiro de 2022

Dia do aposentado - 24 de janeiro

 

DIA DO APOSENTADO

Marcos Cordeiro de Andrade

Curitiba (PR), 23 de janeiro de 2022.

Caros colegas,

Amanhã, dia 24 de janeiro, burocraticamente é dedicado ao aposentado. Também poderia ser o dia do explorado, do esquecido, do saco de pancadas, dos otários desunidos, ou até mesmo do lixo que sobrou de uma sociedade eficientemente ativa, pujante, respeitada, ironicamente construída por esses imprestáveis dos tempos atuais. O enquadramento não é oficial. Mas forjado na mente de inocentes úteis que, parece, tomaram o elixir da juventude e tripudiam dessa classe. Como se eternizados na casta produtiva dominante e esquecendo que fomos nós os obreiros que permitiram esse estado de coisas. Pois não dão a mínima pelo que fizemos em nome de um futuro que não chegou, porque velhos na minha condição ultrapassaram a barreira do tempo em direção a nada.

Embora seja composta de milhões de brasileiros com poder de voto, se constitui em uma categoria sem vulto que não faz sombra a ninguém. E a data pífia das “homenagens” nem feriado é, para gáudio dos comerciantes a quem não carregam poder de compra entupindo as lojas em dias de promoções com resultados ínfimos. Igualmente desagradam à rede bancária obrigada a atender filas intermináveis no dia do pagamento de suas merrecas previdenciárias. De igual modo é renegada pelas autoridades monetárias que são levadas a disponibilizar fortunas para os esburacados bolsos, fruto de benesses políticas espertamente criadas em épocas de crise financeira. Até o INSS, que deveria cuidar condignamente dos benefícios em manutenção, mas é omisso (à falta de poder decisório), amarga enormes filas diárias de postulantes a melhores salários - lembrando um cortejo de desesperados em busca de pão.

É isso que vejo e sinto, aposentado de 82 anos, que sobrevive à custa das migalhas previdenciárias pagas com o dinheiro que guardei em mãos não confiáveis. Mãos que atualmente o devolvem sovinamente, a conta-gotas, forçadas por Leis criadas por “velhos” legisladores de bom senso num passado remoto – no tempo em que se “amarrava cachorro com linguiça”. Tão distante que os “benefícios” criados estagnaram na barreira do tempo, por certo como castigo aos que se permitiram viver além dos limites consentidos pelos, quem sabe, aposentados de amanhã. Estes que, aí sim, conhecerão a reversão do castigo - se lá chegarem.

De todo modo, cabe a nós, aposentados e pensionistas, pedir a Deus clarividência na hora do voto saneador em qualquer esfera. Particularmente, no nosso caso, afastando o risco de se votar em coloridos pretendentes à perpetuação em sinecuras listados no CANAEL (www.canael.com.br)

Marcos Cordeiro de Andrade

Aposentado do BB/PREVI

cordeiro@marcoscordeiro.com.br

6 comentários:

Marcos Cordeiro de Andrade disse...

Meus aplausos de pé!!!!
JFRezende

Marcos Cordeiro de Andrade disse...

"Tão distante que os “benefícios” criados estagnaram na barreira do tempo,
por certo como castigo aos que se permitiram viver além dos limites consentidos pelos, quem sabe,
aposentados de amanhã "
Correto !

" cabe a nós, aposentados e pensionistas, pedir a Deus clarividência na hora do voto saneador em qualquer esfera. Particularmente, no nosso caso, afastando o risco de se votar em coloridos pretendentes à perpetuação em sinecuras listados no CANAEL (www.canael.com.br) "

Mais correto ainda !

Cecília Estivallet
Porto Alegre RS

Marcos Cordeiro de Andrade disse...

Parabéns pela manifestação. Meus aplausos.
Paulo Cesar Machado

Marcos Cordeiro de Andrade disse...

Parabéns sr Marcos.
Eliane Fanaia

Marcos Cordeiro de Andrade disse...




Grande Marcos,
Seu desabafo é real e não é só seu. Com ou sem sua permissão, aproprio-me dele, pelas mesmas sequelas, pelo mesmo sentimento de analfabetismo generalizado.
Ao político, e é claro que existem exceções, que adianto, são poucas demais, não interessa eleitos alfabetizado, eleitor ético, eleitos inteligentes. Pois tem consciência de que estes não lhes dão votos.
A velha prática do voto de cabresto é resistente e até hoje não foi expurgada de nossos costumes, por mais que a neguemos.
Muitos criaram o ranço pelas eleições. Primeiro por ser um direito obrigatório. Estranho isso. Ou algo é obrigatório ou é direito. Exerço se quiser. Tal e qual a contribuição e o imposto. Isso nos fazia odiar o ato de votar, perder um feriado inteiro pela obrigação de cumprir o direito de votar. Filas imensas, brigas, desaforos, barulho, sujeira, bagunça.
Envelhecemos e finalmente, nossa obrigação foi extinta e pudemos, realmente, exercer nosso direito de não votar. E então, o ranço virou costume e realmente não queremos votar. Afinal, nunca aprendemos. Sempre votamos em quem nos dá alguma coisa. Um jogo de camisa para o time de várzea, a contribuição para festa junina do bairro, etc...
Com isso, esquecemos totalmente para que serve o voto. Aposentados, votar para que? O que isso pode mudar nossa vida? E nosso aprendizado voltou-se para os sindicatos e para as nossas associações.
Ora, todos colegas. Todos gente boa. Votaremos nos mais simpáticos, nos mais falantes, nos mais envolventes. Afinal, são cargos que tem que ser preenchidos, mas tudo é resolvido pelo Banco. Em nosso nome, ninguém vai se indispor com ninguém, pois amanhã os mandatos acabam e eles tem que retornar ao Banco.
Qualquer um serve. Por que sair de casa, ir ao Banco ou ao Sindicato votar? Já tem gente demais votando, serão eleitos mesmo. Vou ficar em casa, ou à praia, ou ao churrasco, à praça, jogar bocha, jogar dama, jogar biriba. Tem mais quem vote.
Acabam as votações, contabilizam-se os votos, apartam-se as brigas, declara-se os vencedores e nada muda. Até começarem a mudar. Até as consequências chegarem aos nossos bolsos, aos nossos direitos.
Tudo bem, mas resta-nos reclamar, esbravejar, xingar, denunciar. Mas nada muda. Todos fazem parte da mesma panela, dos mesmos grupos, que se revezam no poder como um jogo de cadeiras.
E alguns anos mais tarde, dois, três, quatro, tudo se repete. As mesmas promessas, os mesmos corajosos, os mesmos alheios, os mesmos acomodados, e os resultados também, os mesmos. “Farinha pouca, meu pirão primeiro”. O choro é livre, mas não muda nada.
E fica sempre a esperança de que os culpados se arrependam e revertam os maus feitos, devolvam os desvios, beneficiem os que merecem, afinal, a quem se destina as Associações.
E aos poucos, meus amigos, “Inês” vai morrendo, definhado, acabando. E eles, os mesmos, adoram isso. Afinal, quem vai tirar seu direito de bônus mesmo com déficit? Quem vai tirar seus salários de diretores de Banco o Brasil? Quem vai tirar seus cargos de Conselheiros perpétuos, pulando de participada em participada, ou simplesmente renovando seus mandatos “ad aeternum”?

SolonelJr

Marcos Cordeiro de Andrade disse...


Valeu, Marcos.
Disse-o bem.
Freitas (Salvador-Ba)