sábado, 25 de novembro de 2017

Um Natal diferente

Um Natal diferente
Marcos Cordeiro de Andrade

Vejo o NATAL bem diferente das demais épocas do ano, no sentido humanitário.  Nele encontramos indícios de paz por todos os cantos. Em casa, nas ruas e nos corações do mundo. Por isso é justo supor que o espírito natalino habita cada ser humano em louvor do aniversariante - que reina absoluto em céus e terras da cristandade no mês do seu nascimento, mais que em qualquer outro, certamente.

Respeitando esse entendimento, meus Natais sempre exibiram essa marca. A diferenciação entre eles. Mesmo se festejados em lugares repetidos, nunca invejei aquele que passou, porque o seguinte ocupava lugar de destaque com fatos novos envolvendo situações e pessoas. E isso se deu por cerca de quatro décadas, desde quando conheci a companheira da minha vida – a pequenina e meiga Sônia que gerou e lapidou a joia rara que é o filho único que Deus nos deu – o elo forte da corrente que me prende à vida. Juntos, os três, habitualmente desfrutávamos os Natais sozinhos. Em casa, na rua, acampados. Bebíamos o mel da compreensão e do companheirismo, dirigindo preces pedindo que nossa felicidade tocasse os amigos e entes queridos, fazendo-os felizes também. Reconheço agora que a recompensa pela harmonia desses Natais se espalhava pelos outros dias do ano. Deus cuidou para que assim fosse, e Suas bênçãos se faziam sentir nesse convívio a três. Nunca nos agredimos. Nunca nos ferimos. Nunca nos diminuímos. Nadávamos juntos no imenso e calmo lago azul dos sonhos. Sempre nos amamos.

E hoje, lembrando todos os Natais que passamos juntos, vem a certeza de que o próximo será o mais diferente de todos. O mais triste. Mais solitário porque vivido a dois, somente. Não festejado, por isso mesmo, pois choramos a morte da minha eterna e querida companheira que nos deixou pela vontade de Deus. 

Sem sua presença não serei capaz de reviver um Natal como os de outrora. Sem ela não terei rotina a mudar. Ou situação nova a criar. Não distribuiremos presentes. Nem os compramos, sequer. Não terei sua ajuda para enfeitar a árvore de Natal, nem para preparar a ceia da noite Santa. Não cearemos juntos. Nunca mais, seja Natal ou outro dia qualquer. Não assistiremos à Missa do Galo. Não veremos o espocar dos fogos de artifício no limpo céu de verão. Não terei com quem viajar mais o meu filho. Não ficaremos acordados juntos até o retorno dele, tarde da noite, preocupados com sua segurança como nos tempos de adolescente indefeso. Enquanto na solidão que a morte me trouxe, sinto que também morro um pouco neste Natal, desejando que ele seja melhor e mais Feliz para todos os que me leem. E eu seguirei remoendo o passado pensando nela e lhe dedicando orações. Até que, no reencontro da eternidade, nós dois, ela e eu, abençoados por Deus voltemos a ter outro Natal diferente.
...Um dia um cisne morrerá, por certo:
Quando chegar esse momento incerto,
No lago, onde talvez a água se tisne,

Que o cisne vivo, cheio de saudade,
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne!

Júlio Salusse



Marcos Cordeiro de Andrade


Curitiba (PR), 24/11/17




6 comentários:

Marcos Cordeiro de Andrade disse...


Companheiro,
faça como antes: comemore o Natal - como antes. Embora você não possa ver, Ela estará com vocês. E feliz. Att Eder Casal.

Marcos Cordeiro de Andrade disse...


Marcos, que dor a sua! Lembre-se. porém, de que ela teve a sua companhia até o final.
Um abraço fraterno do Edgardo

Marcos Cordeiro de Andrade disse...


Prezado Sr. Marcos,

Muito linda essa declaração de amor, de cumplicidade e respeito à saudosa Sra. Sonia (e ao seu amado filho Marcos Junior).

Eu e minha família, mesmo com ausência de alguns entes queridos que residem distante, temos festejado de forma simples e singela o nascimento do SENHOR JESUS CRISTO.

Eu iria fazer isso pessoalmente, mas quero aproveitar essa oportunidade para convidar o Sr. e o Marcos Júnior para comemorar o natal conosco , em minha residência (dia 24 de dezembro de 2017, a partir das 21:00h).

Será um enorme prazer termos vocês conosco, pois além de nosso relacionamento profissional, os laços de amizade que nos ligam são muito mais sólidos e isso contribui para a sustentação de nosso relacionamento.

Com apreço!

JOSÉ TADEU DE ALMEIDA BRITO

Marcos Cordeiro de Andrade disse...




Caro Marcos Cordeiro,


Belíssima a sua mensagem.


A saudade é a última expressão do amor quando o objeto dele está ausente.
É coroada pelo desejo do reencontro numa dimensão superior, sem os sofrimentos de depuração que caracterizam o plano atual. E o reencontro certamente acontecerá.


Aproveito para, mesmo com antecipação, desejar-lhe boas festas e um feliz ano novo. Que não se sinta só nesse período festivo. A sua companheira certamente estará junto a você.


Abraços


Ebenézer

Marcos Cordeiro de Andrade disse...


Uma linda declaração de amor, de vida! Que Deus lhe fortaleça em nome desse amor!! Um bom Natal e muita saúde!!
Vânia Alves.

Marcos Cordeiro de Andrade disse...


28/11/2017
Sai acordo que cobre as perdas de planos econômicos
Clayton Castelani
do Agora com Folha De S.Paulo

Poupadores prejudicados pelos planos econômicos das décadas de 1980 e 1990 poderão receber parte das perdas que tiveram em seus investimentos há até 30 anos.

A AGU (Advocacia-Geral da União), a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), a Febrapo (Federação Brasileira pelos Poupadores) e o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) anunciaram ontem um acordo que pode resultar no pagamento de aproximadamente R$ 15 bilhões para esses donos de cadernetas de poupança ou os seus herdeiros, encerrando assim uma disputa judicial que se arrasta nos tribunais do país há cerca de duas décadas.

O desfecho, porém, ainda dependerá da análise que o STF (Supremo Tribunal Federal) fará sobre os termos negociados. Somente após a confirmação da corte é que a negociação poderá ser considerada válida. Em 2010, o STF determinou a suspensão dos julgamentos de 400 mil ações sobre esse tema.
Fonte: Jornal Agora S.Paulo.